segunda-feira

Atire no Dramaturgo, de Mário Bortolotto

O Marião editou a primeira coletânea de textos do seu blog há vários anos. Só agora, após ler sua segunda coletânea, me senti atraído pelo livro. Sei lá, eu queria ler mais textos do cara e a coletânea mais recente acabou tão de repente.
Há algo nestes textos mais tosco, mais on the road. Muitos deles tratam dos maus hábitos do protagonista, maus porque ele mesmo os rotula de maus, mas maus também porque realmente é meio foda se deparar com um sujeito que se mete a dar opinião meio bêbado e que se mete em encrencas por - segundo diz - não medir as consequências dos seus atos rasteiros. O Marião diz, nos textos, lamentar que isso assim aconteça, mas ao mesmo tempo diz não se arrepender.
Mas o livro não é só disso. Quase todos os textos, novamente curtos, são memórias. Acontecimentos interessantes, outros apenas curiosos, histórias de amigos, histórias de fracassos, e por aí vai. O livro parece até mais denso que o outro, embora bem menor.
Eu costumo não nutrir muita simpatia por coletâneas. Esse foi um dos motivos por nem mesmo ter comprado as coletâneas de textos do Gerald (o Thomas), de quem gosto muito (como encenador e como pessoa). Mas preciso me render. Na internet os textos parecem meio soltos, sem nada que os una, sem uma espécie de enredo - embora este muitas vezes nem exista mesmo. Em livro, há algo mais substancioso a degustar. Numa espécie de analogia, é como beber uma dose ou a garrafa inteira. Uma dose é legal mas sempre deixa algo a desejar. A garrafa inteira é foda, mas é gostoso, apesar da ressaca posterior.
Conselho, então. Vão lá no teatro Cemitério (Augusta, 384), peçam à Fernanda para dar uma olhada e se gostarem, bom, levem então. Se no final não gostarem, paciência. Mas há conteúdo mais do que suficiente para agradar os mais curiosos nesse cara chamado Marião - que acaba de me dizer estar com preguiça e que por isso não poderei passar a madrugada no bar dele bebendo sem parar. 

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